Nós partimos. Sem despedidas e sem arrependimentos
apenas o vento passando como se quisesse dizer algo
mas o vento nada diz, pois é apenas vento
e assim partimos, sem despedidas e sem arrependimentos
iguais ao vento, sem significado ou conteúdo
como se partir ou ficar significasse tudo
e então a vida alcançasse o ápice da sua existência
é assim quando temos que decidir por nós mesmos
partir ou ficar, ser ou não ser
ah, que forma injusta de viver
tão mecanicamente criados, tão controlados nas sensações
que de tão científico são os termos oferecidos
que, majestosamente os chamamos "termos científicos"
mas pena, esqueceram de embutir na programação
como agir, reagir, sentir e não sentir
entramos em colapso: não sabemos o que fazer
e o paradoxo materialista dos sentimentos orgânicos
escapa ao controle, não temos respostas
ou a definição metódica do pai dos burros
"siga o que seu coração dizer" ah, que conveniente
na muleta divina me oferece respaldo?
na simplicidade supersticiosa é que se embasa?
e eu e nós que somente queríamos ser o que somos
sem ser o que somos, mas pertencentes ao meio
descobrimos que poucos somos o que desejávamos
sendo menos parte de um todo do que do nada
e vago agora entre os pensamentos que tento
diferenciar quais são meus e quais não são
de tão tétrico que se tornaram os sentimentos
não sei responder se a partida ou a permanência
valem à pena ou são em vão
como amantes que desejosos na luxúria
desejam-se, mas não sabem o motivo
e partem como se nunca tivessem partido
e se unem como se houvesse motivo
sem se conhecer, sem se compreender
e a estática das relações humanas encontra uma razão
a lógica aristotélica e nada mais.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
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